Sobre o livre arbítrio

 

Acreditar que somos plenamente livres e responsáveis por todas as nossas escolhas e decisões que tomamos ao longo da vida pode parecer,a primeira vista,racional e até sensato. Mas,nada mais ilusório. Pra começar,nem sequer escolhemos se queremos ou não nascer. Depois, não escolhemos onde nascer,nem nossos pais. Não escolhemos nascer com ou sem deficiências, síndromes e transtornos.

A genética define parte da nossa personalidade; personalidade essa que influenciará cada decisão nossa. Gostos musicais,amizades e até mesmo carreira profissional. Nossa classe social,nosso meio,também nos moldará; crenças religiosas, hábitos, cultura. Outra coisa que pode influenciar nossas escolhas futuras são os traumas. Físicos ou psicológicos, são capazes de influenciar toda uma vida, infelizmente geralmente para pior.

Estamos a mercê de uma série de fatores que,direta ou indiretamente,nos definem como seres.Fatores que ,se não determinantes, são influências fortes em nossas decisões ao longo da vida. Não há deus nos guiando. Somos o que somos,e isso independe de nossa vontade. Livre arbítrio...quantas pessoas,se pudessem,escolheriam nem ter nascido?

Religião: o culto à morte

 É comum acharem que os ateus e pessoas sem religião não valorizam a vida;que o niilismo significa necessariamente uma filosofia de culto a morte e desprezo pela vida. Nada mais enganoso. Na verdade, não há negação maior da vida do que a religião. Principalmente as religiões abraamicas. Judaísmo, cristianismo e islamismo. Tais religiões se fundamentam numa suposta salvação após a morte. Para elas,essa vida real,que chamam de "mundana",deve ser sacrificada de qualquer tipo de prazeres,para que alcancemos a suposta salvação. Renegam nossos instintos e necessidades fisiológicos/biológicas através de uma moral conservadora. Castram a humanidade de forma intelectual. 

Para tais religiões,o homem não é um animal,que assim com o restante da fauna e flora, compõe o ecossistema;o homem é a tal "criação especial" de Deus. Uma arrogância colossal. Pregam uma existência de abstinência e negação,em prol de uma suposta vida pós morte. Quer algo mais mórbido que isso?

Teatro de convenções

 

A sociedade é um grande teatro de convenções e vaidades. As aparências são o que determinam seu lugar e o tratamento dado a você. Pois para ser bem visto,deve-se comportar de acordo com a "etiqueta",vestir-se de acordo com a moda e ser uma ovelhinha bem mansa e obediente. Acreditar em "algo maior",trabalhar,defender a "moral e os bons costumes",ser patriota.Para ser aceito socialmente,você deve anular qualquer aspecto de sua individualidade. Ninguém se importa com você se não jogar dentro das regras chamadas senso comum. Homem deve ser expert/fanatico por carros,futebol,cerveja e sexo,basicamente;mulheres tem que ser submissas,puras,donas de casa,mães. Qualquer coisa que fuja disso se torna,para a sociedade,uma abominação.

Fingir se importar com as pessoas também é importante,assim como fingir se importar com alguma causa."Salve os animais","salve o planeta","defenda o proletariado",lute em vão contra o capital.Tentativas de preencher lacunas existenciais e também pertencerem a um grupo,afinal ninguém quer ficar sozinho.Bandeiras ideológicas também servem como máscaras,para serem utilizadas como pretextos para ódio,genocidios,violência,ou seja,para o ser humano agir como ele realmente é e se esquivar de sua responsabilidade por ser tão egoísta,vaidoso e arrogante.

 

O homem pensa ser um animal livre,mas na verdade é o mais domesticado dos animais. Pensa ter anulado seu lado animalesco a partir da convivência em sociedade,quando na verdade a sociedade civilizada apenas o engana,mascarando seus instintos naturais através de conceitos como amor,ética e moldando o indivíduo a partir de uma moral imposta,de valores e tradições inúteis. Somos todos domesticados. Livres são aqueles que tentam se desvencilhar dessa prisão chamada sociedade/civilização.

Antiutopia

 Violência,miséria,desespero

Caos,desigualdade e medo
Cotidianamente perpetuados pelos parasitas
Através da mídia propagam seus ideais capitalistas

Guerras e desastres ambientais
A fome de lucro é o eterno empecilho para a paz
Exploração humana e animal
Genocidios em nome do maldito capital

O ciclo de miséria e caos perpetuado por esse sistema
Nos impede de viver uma vida plena
Abusados diariamente,lutando por uma miserável sobrevivência
Coagidos a obedecer e aceitar
O ciclo do caos!

Marchando rumo a nossa inevitável extinção
Deixamos um rastro de destruição
Somos um tumor extremamente maligno
Fatal,incurável
O planeta já se encontra em estado terminal
Em nome do lucro,em nome do capital

O ciclo de miséria e caos perpetuado por esse sistema
Nos impede de viver uma vida plena
Abusados diariamente,lutando por uma miserável sobrevivência
Coagidos a obedecer e aceitar
O ciclo do caos!

Claustrofobia ou Devaneios de uma mente inquieta

5 e meia da manhã. Acordo.Mais um dia de trabalho começou. Não somente do trabalho pela subsistência financeira,mas também o da subsistência mental. Mais um dia de luta  contra minha mente,que devora minha energia tal como os dementadores da saga Harry Potter. Nada escapa do escrutinio de minha mente. Corrigindo: nenhuma falha minha escapa de sua análise minuciosa. Todos os meus erros e defeitos são exaustivamente trazidos a tona,não importa há quanto tempo tenham acontecido ou a sua gravidade.

 Embora tal guerra aconteça somente dentro de mim,seus estragos ecoam no mundo fisico. Toda minha energia se dissipa de tal forma que a única coisa que consigo fazer é respirar. Me sinto enclausurado,aprisionado. E não existe prisão pior que a nossa própria mente e corpo. Não há escapatória,não há condicional;a sentença é perpétua,sem sossego. Não há paz nem no sono,visto que pesadelos são recorrentes. Mas antes fossem com monstros e outras criaturas fantásticas. Meus pesadelos refletem exatamente meus maiores medos e angústias.

Embora externamente eu aparente uma certa tranquilidade e calmaria,em meio a multidão com quem convivo diariamente,por dentro minha mente emite um barulho ensurdecedor. Tais sons,tais pensamentos,dilaceram meu ser. Não encontro mais refugio nem no alcool e nas drogas. Nada é capaz de mutar esses incessantes devaneios torturantes da minha própria mente.

A interminável luta contra eu mesmo

 "Eu sou um bosta";"Sou patético";"Faço tudo errado";"Sou ridículo";"Por que eu disse aquilo?" - pensamentos que corroem diariamente meu ser. Me sinto esmagado por algo intangível. Como pode isso ocorrer? Como me libertar de algo que faz parte de mim? Por várias vezes me pego desejando sofrer um trauma que me cause amnésia. Esquecer quem eu sou,o que me atormenta... única maneira de voltar no tempo e viver. Viver sem remorsos,sem culpa,sem angústia.

Ah,essa angústia...preenche cada pedaço de minha mente e corpo. Tal como um buraco negro,suga toda a luz  e energia que outrora havia dentro de mim. Não tenho mais forças para lutar e resistir. Resigno-me a raros lampejos alegres e leves,cada vez mais escassos e espaçados entre um e outro. O cigarro nada mais faz além de acalmar a besta fera que atormenta. De forma paliativa,claro.

Poucas coisas me confortam. A vida é apenas um breu,sem luz,sem caminho. Nada me resta;apenas contemplo o resto dos meu dias numa agonia silenciosa e prolongada.Nessa guerra interna contra mim mesmo, não há outro resultado além da minha derrota. 

A esperança é o pior dos males

 Todo final de ano é igual,tal como os filmes de romance hollywoodianos: confraternização, expectativas e reconciliações. Tudo isso transbordando de falsidade e hipocrisia. Natal reunido com a família, comilança e expectativas de um ano melhor. Besteira pura. Chega meio do ano e as pessoas já estão de saco cheio do ano e anseiam pelo final do mesmo; decepcionadas pelas suas promessas e ambições terem fracassado miseravelmente. Mas o que essas pessoas não querem admitir é o que os maiores - únicos - culpados pelas próprias frustrações são elas mesmas.

A esperança vem do verbo esperar. O que significa esperar senão uma mera atitude passiva de aguardar por um milagre,seja de Deus,seja do seu político de estimação?  Passamos a manter uma postura submissa e pacífica perante a vida,em nome da tal esperança.Ninguém quer se tornar responsável por si e sua vida,e assim,jogam a responsabilidade em divindades e "mitos" políticos. É muito mais fácil terceirizar a culpa do que se tornar o protagonista da própria vida. 

As pessoas também se frustram por acharem que algo abstrato como o conceito de tempo (e consequentemente a virada de ano) pode magicamente fazer desaparecer as mazelas sociais. Dia 1 de janeiro chega,e todas as guerras, desigualdade social, doenças e discriminações continuarão aqui. Sabe porquê? Porque não é nenhum deus o responsável por tais mazelas,e sim o ser humano. Estamos a beira de um colapso ambiental,causado especialmente pela maneira predatória do homo sapiens de se relacionar com a natureza. Eu só lamento pelos animais que sofrem em consequência de nossas ações,pois todo castigo para a humanidade é pouco. 2021 tá aí e nada vai mudar. Não para melhor.